terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Capítulo 031 - Ferido, renascido e vibrante


Na fortaleza do exército negro na floresta de Gales, Felix de Leão sentia a derrota de suas prodigiosas amazonas.

— Cedo demais. Pensa. — Elas ainda não estavam prontas, afinal.

Ele ordena ao mensageiro.

— Chame Antília.

Tempos depois chega uma jovem de óculos, e uma longa casaca negra.

— A seu dispor, Senhor Felix.

— Como estão os ensaios com os lemurianos? Indaga o metre negro. — Precisamos de força ofensiva eficiente. Lia e Iris falharam. Não tolerarei mais falhas.

— Cedo demais. Pensa. — Elas ainda não estavam prontas, afinal.

— Eu as proibi de saírem, Senhor. Responde a jovem — Não recomendei sua saída a campo.

— Eu sei, Nina. Retruca Felix. — Elas pareciam prontas. Com relação aos lemurianos, eles resistem, mas a nova intervenção parece estar fazendo o efeito desejado.

A conversa é interrompida pelo mensageiro, que anuncia uma visitante. Uma mulher imponente, de longos cabelos negros e olhar penetrante adentra a sala do líder daquele lugar.

— Mas ... Senhora. Interrompe o mensageiro.

— Deixe! Resolve Felix — Já acabei aqui. Antilia tem suas ordens.

A jovem amazona sinaliza positivamente, passando pela visitante que a olha da cabeça aos pés.

— Lemurianas, Felix? Ironicamente manifesta-se a mulher — Mudou de gostos?

— Não seja tola, Maria. Irritado, retruca o Leão Negro. — Ela é uma oficial.

Maria ri.

— O poderoso Felix de Leão Negro como um gatinho nas mãos de Nina de Antília. Que irônico. Provoca.

Felix estava cada vez mais irritado. Ele respira fundo e se acalma um pouco, na tentativa de receber devidamente sua colega amazona.

Ele desce do assento, e segue para uma sala menor, com uma mesa e vários assentos. Maria o segue.

— Sente-se! Acolhe o cavaleiro. — O que traz Maria de Touro Negro, de seu castelo no índico até minha humilde morada?

— Vim saber de suas informações, meu caro. Responde.

Felix esboça um olhar de dúvida.

— Não há “minhas informações”. Responde o cavaleiro. — Do jeito que fala, parece que você esconde informações.

— E sua amada Antília? Dúvida Maria — O que será que ela guarda?

Felix ri.

— Não há nada que o Senhor Arno não saiba, e consequentemente você não saiba. Ou você acredita que o Senhor Arno nos esconde algo?

— Não inverta o jogo, Felix. Devolve Maria.

— Me diga, Maria. Onde quer chegar com tudo isso? Tenta finalizar o debate, Felix.

— A lugar nenhum. Responde a amazona. — Descerei ao Santuário de Atena. Tenho que encontrar alguém.

— Sua antiga família, eu suponho. Comenta Felix.

— Não. Responde Maria. — Acharei a outra metade de sua metade. A Antília de Atena. Soube de fonte segura que ela é como a sua amada.

— Ora, Maria. Brinca Felix — Porque olhar para Nina e seus óculos, se sempre tive o prazer de sua belíssima companhia. Você sempre teve algo por mim, que eu percebi.

Maria se diverte, e ri bem alto.

— Eu e você ... Não curto, você sabe! Responde.

— Por que não? Retruca Felix — Você só sai entrando assim aqui, pelo que soube por aí.

— Você está mudando de assunto de novo. Rindo, comenta Maria — Vou indo. Preciso ter um conversa com Tina de Antília. Até mais. Obrigada pela recepção. Mande lembrança para sua “oficial” Nina de Antília.

Maria sai rindo. No caminho passa por uma instalação semelhante a um observatório, e na porta estava Nina. Maria se dirige a ela.

— Nina de Antília. Saúda Maria.

A amazona de bronze, respectivamente saúda sua colega de patente superior com uma leve inclinação de cabeça.

— Senhora Maria de Touro.

— Saiba que em breve será única. Comenta Maria — Terei uma longa conversa com Tina de Antília, sua contraparte no exército de Atena. E geralmente quando converso com um inimigo ele parece perecer ao final.

— Mito bem. Retorna friamente — Melhor assim.

A amazona de bronze negra espera a amazona de ouro desaparecer, e começa a se desesperar.

— Tina não terá chance alguma. Pensa Nina. — Preciso avisá-la, mas como? Minha telepatia é monitorada. Mas ... a dela não é.


SANTUÁRIO DE ATENA

Tina de Antília era a pesquisadora oficial do Santuário, usando sua mais alta capacidade lemuriana para desvendar segredos dos pergaminhos históricos coletados e armazenados no templo de Atena-Niké.

Ela estava em seu ofício quando recebe mensagem de alguém desconhecido escrita: “Cuidado! O perigo se aproxima. N.T.”.

Tina entendera o recado, e ficaria alerta. Ela procura sua mestra Lubian de Pavão e informa o iminente perigo ao Santuário. Discretamente tudo estava em alerta máximo., com a movimentação específica de certos guerreiros.

Era de manhã no Santuário, quando uma violenta onda negra se esbarra na redoma de cristal, criada por Leo de Aries com a energia do cosmo de Atena para a cobertura de todo o Santuário e arredores. A barreira contra cosmo energia seria a primeira linha de defesa, que permitiria analisar o impacto da força do oponente.

O impacto esgotara as energias de Leo, que amparado por Luge quase sucumbe ao forte dreno de energia. A cada de Aries seria defendida por Teneo de Touro, como frente a força opressora.

Após testada a defesa do Santuário a amazona negra de Touro se apresenta na entrada das casas do zodíaco. A intensidade do cosmo não surpreende Teneo, pois já havia percebido tal presença, ainda que forma bem familiar.


TEMPLO DE FELIX DE LEÃO NEGRO


Nina estava apreensiva com a iminente chegada de Maria de Touro Negro no Santuário a procura de Tina.

Ela conhecia o poder e astúcia de Maria, comparada apenas as de Félix de Leão Negro, seu mestre. Eles estavam entre os primeiros cavaleiros e amazonas negros consagrados por Arno.

Ela temia pela vida de sua irmã mais nova, que se separara dela em Gales, embarcando secretamente no barco que levou Rivia ao Santuário.

Em seu observatório, tentado ler as estrelas em buscas de respostas, a jovem é convocada a sala do Mestre Felix.

Apressada, ao chegar ao salão principal, ela encontra Felix apreensivo.

— Nina! Começa nervoso sua narrativa, Felix — Devemos concluir o projeto com os lemurianos. É muito importante pois estamos ficando sem tempo. Precisarei ir ao Santuário em breve, e não sei como o encontrarei depois da visita de Maria.

— Em breve concluiremos, Felix. Desculpe, Mestre Felix. Responde Nina. — Falta muito pouco. Não sei quanto tempo mais conseguiremos ocultar a atividade extrassensorial deles. Precisamos aumentar a intensidade devido ao tempo.

— Eles não podem ser descobertos. Isso é imperativo. Ordena Felix.

— Desculpe, meu Senhor ... Resignada inicia a jovem.— Precisei avisar a Tina sobre Maria. Não quis comprometer o projeto. Assumo toda a responsabilidade.

O olhar de Felix para Nina era de compreensão.

— Não se preocupe, eu entendo. Tranquiliza Felix a sua amazona — Família nos leva a extremos. Se tudo ruir a responsabilidade é minha. Sou o líder do grupo. Carlos minimizava o impacto causado por Maria.


SANTUÁRIO DE ATENA – TEMPLO DE ÁRIES

Leo, extenuado pelo esforço de manter a barreira contra o ataque de cosmoernergia negra do inimigo, estava caído.

Tentou levantar, e foi amparado por Teneo que chegava.

— Siga o plano Leo. Pede Teneo. — Essa luta é minha. Conheço o adversário. Ozir virá te buscar.

Leo de pé recebe Ozir de Gêmeos, que cumprimenta Teneo e leva Leo a Sala de Atena. No local ambos recuperam forças com forte guarda na entrada.

Teneo sai do templo, e a luz vê a marcante silhueta de Maria, aquela que outrora morrera por ele.

— Enfim vejo aquela que me segue. Comenta Teneo. — Só não esperava vê-la nesse traje negro.

— Isso é apenas um detalhe. Comenta Maria. — O importante é a quem sirvo agora, e meu verdadeiro objetivo hoje.

Teneo olha com pesar para Maria.

— Aquela que outrora me salvara em nome de Atena, agora serve ao exército negro de Arno de Escultor, o artesão das sombras. Comenta.

Maria ri

— Um novo mestre, e uma nova missão: arruinar o Santuário de Atena, seus guerreiros e oficiais. Revela a amazona negra.

— Seus planos não durarão. Afirma Teneo. — Não permitirei que passe dessas escadarias.

— Veremos cavaleiro de Touro. Afirma a amazona negra de Touro.

Maria aquece o cosmo e investe contra Teneo.

Teneo facilmente bloqueia a técnica de sua adversária, mantendo sua posição de defesa.

Ele sente o impacto do dreno de energia, já conhecido pelo exército de Atena. Considerando uma fragilidade que possuía, carrega consigo um cristal dado por Teon para equilibrar a luta e contra-atacar os guerreiros negros.

O cavaleiro se mantém firme, mas a técnica simples de Maria o havia mais do que o esperado. Sem demonstrar ele estava preocupado.

— Não se preocupe, Teneo. Comenta Maria. — Te conheço o suficiente para ler em teus olhos. Por sua condição em breve sucumbirá, e poderia prosseguir em minha missão aqui.

Teneo prepara sua defesa, e usando sua grande velocidade projeta Maria metro a atrás, rachando sua armadura e causando impacto sobre o cristal de Onix negro no peitoral de sua veste negra.

— Desgraçado. Pensa Maria. — Ele continua muito veloz. Preciso pôr um fim nessa luta. Mais uma investida dessa e será meu fim.

Teneo percebe uma tensão no cosmo da amazona negra, e de alguma forma sentia que suas intenções destoavam de suas palavras. Ele precisava encerrar aquele combate para saber o que realmente acontecera com Maria para coloca-la naquela condição.

Ambos estavam decididos a aplicar seu último golpe.

Maria aquece seu cosmo, potencializando a ônix em seu peito, recuperando seu brilho negro original.

Teneo lembra-se de Anna, e inflama seu cosmo com a mente tomada por um grande touro dourado de grandes chifres, pronto para entrar em uma corrida mortal contra seu alvo. A essa altura não havia chance alguma para seu oponente.

O cavaleiro sentia que outro energia o acolhia, e sabia do zelo de Atena por todos os seus guerreiros, e isso o confortava.

Do alto da estrutura da fachada do templo de Aries, Anna devolvia o cosmo arrecadado pelo Grande Chifre antes aplicado por Teneo. E o vigor do cavaleiro estava renovado. Mas uma coisa a intrigava: o conhecimento dos dois oponentes.

Os guerreiros desferem suas técnicas, e ambos são afastados para trás da posição do embate.

Maria continua de pé, mas Teneo estava quase de joelhos, ainda apoiado numa perna dobrada.

— Quem diria, o grande Teneo de Touro de joelhos. Ironiza Maria. — Parece que o próximo golpe será o final, e não há Postura de Iai que te defenda agora.

Maria recolhe sua energia numa esfera. Ela a dissipa em esferas menores, e as molda em peças de cristal negro como lanças.

— Relembrando os velhos tempos, te trarei algo nostálgico, cavaleiro de Atena.

Ela lança os cristais como num jogo de dardos, e todos de uma vez.

— Plumas negras, atinjam seu alvo. Pronuncia a amazona negra.

O cavaleiro via a aproximação dos cristais negros como vira outrora as plumas atacarem os adversários, e preparado para seu fim vê um brilho intenso contrapor a onda de luz negra que se aproxima.

Diante de Teneo está materializada uma escultura do Touro em cristal brilhante, e ao seu lado descia suavemente, Anna.

O cavaleiro admirou-se com o cenário, enquanto Maria estava séria.

— Anna, eu suponho. Comenta Maria. — A filha do bravo Touro Dourado.

— Sim. Responde Anna. — Anna de Touro. Aura da Ordem de Serpentário. O exército dos Guardiões de Atena. Não mais tocará nesse homem. Ele é meu protegido.

— Então terei que passar por você para terminar essa luta. Conclui Maria, posicionando-se para a batalha.

Anna gesticula, chamando a oponente para a luta. Chamando a pata esquerda da Crystalus, ela defende os cristais negros de Maria.

Teneo se despe da armadura de Touro, e sente uma grande energia rondar Anna.

— Chegou o momento. Pensa Teneo. Meu legado eu passo para a geração futura.

O braço da Crystalus de Touro retorna, e a armadura de Touro a veste. Anna brilha intensamente e a Crystalus retorna a forma de cristal, somando ao cristal presente ao peito de Teneo como uma segunda gema.

Anna estava encantada, e olhando para o pai procura compreender. Ela pede uma autorização. Teneo sorrindo sinaliza que sim.

Anna, agora Amazona de Ouro de Touro, encara o adversário e imprime sua força e velocidade contra a amazona negra. São dois golpes velozes, retornando a sua posição original.

Maria nada enxerga, e vê sua armadura negra rachar no peitoral, com sua ombreira direita e cintura destroçadas, além de ter perdido o capacete.

— Como? A amazona negra estava assustada. — Eu conheço a velocidade do Touro.

— Mas eu sempre fui mais rápida que meu pai. Explica Anna.

Maria percebe que apesar de jovem, Anna não era uma garotinha, mas uma guerreira a se respeitar em campo de batalha. Ela a reconhece.

— Respeito sua posição, amazona dourara de Touro, e agora será uma luta completa.

Maria aquece seu cosmo e cria novamente os cristais negros, que passam a revestir seu punho. Ela parte para a investida do Touro Negro, quando Anna aquece seu cosmo num nível ainda maior que antes fizera.

Anna se esquiva do punho negro do Touro, e faz brotar do solo uma explosão ascendente de energia e pedras, prendendo a amazona negra.

Presa nos escombros, Maria levanta grande pedaço de pedra e refuta Anna.

— Não perderei antes de cumprir minha missão nesse Santuário de Atena. Esbraveja a guerreira negra.

A sensação antes sentida por Teneo se renova, e a dúvida sobre a real missão de Maria só aumenta.

A amazona negra se equilibra no solo irregular, e aquece novamente seus cosmo. Anna igualmente o seu, e a energia gerada é novamente superior a tudo já produzido na entrada do templo de Aries.

Dos escombros de onde levantara Maria se ergue uma poderosa energia fulminante. A luz gerada possuía brilho intenso, como uma estrela em expansão, uma supernova.

Maria resiste queimando seu cosmo negro, mas vai sendo vencida. A ônix negra explode de seu peito, junto ao que restava de sua armadura negra.

Em meio a luz Maria sorria, e um brilho intenso emerge da amazona negra. Ela se dirige a Anna.

— Anna de Touro, minha filha. Revela Maria. — Sua coragem me libertou do julgo de Hades, e me permite cumprir minha missão de alma pura.

Anna estava surpresa, mas Teneo já previa algo assim.

— Minha mãe? Chorando indaga Anna. — Mas porquê? Não queria machucá-la.

— Você me libertou, minha querida. Responde Maria. — Saberá de tudo. Está perto meu fim, e minha missão estará completada.

O vórtex de luz comandado por Anna tem sua explosão final, e o cosmo de luz de Anna desaparece.

Fagulhas do cosmo de Maria varrem o Santuário, chegando a muitas pessoas: Teneo, Anna, Atena, Teon, Tina de Antília e ao Grande Mestre Ozir.

A armadura de Touro se desmonta do corpo de Anna, e a parte do cristal da dupla gema no peito de Teneo segue para as mãos de Anna. O cristal de Teneo penetra seu corpo, se enxertando seu peito.

O cavaleiro por um momento cai de joelhos, para o desespero de Anna, mas levanta-se revigorado. O cristal de Anna brilha, e uma parte da luz pode ser vista por através da pele de Teneo.

Teneo mostra a sagrada armadura de Touro montada a Anna.

— A armadura a escolheu minha filha. Afirma — Há um nova Touro Dourado no Santuário de Atena.

— Mas ... Confusa pondera Anna. — Eu sou uma guardiã, sua guardiã.

Teneo ri.

— Acredito que esse cristal em meu peito revela que trocamos de papeis, minha filha. Comenta. — Agora eu serei seu guardião.

Anna estava muito confusa.

Leo de Aries surge e saúda a todos, em especial a Anna. Ele traz a caixa de Pandora de Touro

— Parabéns pela luta, Teneo e Anna.

Olhando carinhosamente a Anna ele sorri.

— Bem vida a classe dos guerreiros dourados, Anna de Touro. Creio que essa caixa agora é tua.

A jovem estava exultante, pois desde o dia que brilhou pela primeira vez, sonhava com aquele momento.

— Creio que sua casa é algumas escadarias mais acima. Instrui Leo. — Mas você já conhece o caminho, não. O dia foi cheio, e todos precisamos descansar. Amanhã preciso arrumar essa entrada, posso contar com ajuda de vocês?

— Sim. Animada confirma Anna, completada com um aceno de Teneo.

Muito havia a ser dito e feito, pois as mensagens de Maria trouxeram grandes revelações.


O TOURO E SEU CICLO DE DOR, RESSUREIÇÃO, BRILHO E REDENÇÃO TRAZ A TONA MUITO MAIS DO QUE UM LEGADO PASSADO POR GERAÇÕES, MAS A CERTEZA DE ALIADOS DE ONDE MENOS SE ESPERA.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Capítulo 030 – Filhas de Gales


Em meio a floresta fechada, numa bela construção estava Feliz de Leão Negro, pressentindo notícias ruins do confronto entre o orgulhoso Carlos de Grus e o impetuoso Abdon de Câncer contra seus rivais de constelação às portas do Santuário de Atena

Após a derrota de Lord de Pavão no pé da montanha, Félix teria duas novas surpresas contra o exército de Atena, Lia de Ophiucus e Iris de Lacerta.

As amazonas negras foram convocadas ao Salão Principal do Castelo Negro, onde habitava o líder daquele território.

A passos largos seguiam Lia e Iris, antes amigas mas hoje apenas colegas de causa. O Mestre Félix não tolerava atrasos.

Anunciadas, a porta do salão se abre, e imponente em sua armadura negra estava de pé, ao lado de um ornamentado trono, Félix de Leão Negro.

— A seu dispor, Mestre Félix. Saúda Iris em reverência.

— É com prazer que servimos a causa, Senhor. Completa Lia.

Félix olha fixamente para as amazonas, e senta-se em seu trono.

— Vocês treinaram bastante, e possuem alto nível dentre os cavaleiros e amazonas negros. Inicia Félix.

Dois soldados trazem duas urnas negras cobertas, e colocam uma ao lado de cada amazona.

— Toquem as urnas de suas armaduras amazonas negras. Ordena Félix.

Lia e Iris retiram o tecido que cobria as urnas, e as tocam. Elas se abrem e duas armaduras reluzentes como o ébano brilham intensamente. As armaduras as vestem, e do céu um brilho de agonia afeta Lyra e Elisa.

No Santuário de Atena, Ozir, Sig, Teon e a própria deusa agora tinham certeza que a próxima carta seria jogada pelo exército de cavaleiros e amazonas negro.

No Castelo Negro Félix desce do pedestal de seu trono, e toca o ombro de suas novas amazonas. O cosmo negro preenche o lugar, e uma dose extra de energia parecia inundar Birmânia.

— Quero fazer um surpresa para o exército de Atena. Anuncia o líder negro. — Ophiucus é uma telepata experiente e Lacerta é um prodígio, mas elas serão superadas.

As amazonas são dispensadas com uma missão, confrontar as amazonas de Atena, destruindo o campo de treinamento dos guerreiros da deusa.

O general negro conhecia bem o Santuário de Atena. Em outros tempos ele circulava por todo aquele território.

No Santuário a rotina seguia, e Lyra e Elisa estavam de prontidão para o confronto contra suas contrapartes negras.

No Recanto dos Guardiões, como havia batizado Ozir de Gêmeos, Teon aguardava a manifestação do guardião de Ophiucus para confirmar uma antiga suspeita, a existência de um grupo de elite comandado secretamente por Sig de Gêmeos.

No campo de treinamento das amazonas todos sentiam a preocupação estampada no rosto de Elisa. A sensação de antes foi impactante para a amazona, que apesar de habilidosa era ainda muito jovem.

Os dias passam e as ações do exército negro pareciam ter cessado, segundo relatórios enviados pelas tropas distribuídas pelo mundo.

O ar de tranquilidade para as pessoas comuns, era visto pelo Santuário como tensão, pois precisaria estar pronto para contrapor o próximo movimento do inimigo.

No Campo das Amazonas, concluído com o esforço de todos, um grupo de novas recrutas inicia seu treinamento. Dentre elas duas pareciam ser bem habilidosas, seus nomes eram Lia e Iris.

As novas recrutas pareciam ter algo a mais, além do objetivo de proteger Atena. Pelo menos essa era a primeira impressão de Lyra de Ophiucus. Por perceber essa peculiaridade, a amazona surge no local de treinamento feminino para a susto de Lily de Aquila.

— Lyra de Ophiucus! Saúda Lily, surpresa. — A misteriosa amazona de Atena.

— Bom da Lily. Responde Lyra. — Resolvi conhecer suas novas recrutas. Fazia tempo que não apareciam novas meninas. Fiquei curiosa.

— Entendo. Lily retruca. — Essas são Helen, Celina, Juli, Lia e Iris.

Ao ver Lia e Iris, Lyra confirma a sensação estranha que antes havia sentido.

Rivia e Maria também lá estavam e reconhecem as duas meninas observadas por Lyra. Eram duas meninas desaparecidas de Gales, um ano antes da chegada dos mercenários. Rivia cutuca Maria, e ambas começam a agir normalmente.

As recrutas partem para sua área específica de treinamento, quando avistam Lyra e Lily e as abordam.

— Senhora Lyra, Senhora Lily. Chamam a atenção as Rivia e Maria.

— Bom dia Rivia e Maria. Saúda Lily.

— Conheço Lia e Lily. Conta Rivia. — Elas são filhas de Gales como nós. Elas desapareceram um ano antes da chegada dos mercenários em nossa terra. Ninguém soube o que houve. Quem as trouxe?

— Ninguém. Responde Lily. — Elas se voluntariaram sem dizer a origem. Não coletamos essas informações.

— Talvez seja a hora de começar a perguntar. Afirma Lyra. — Obrigado meninas pela informação. Vão treinar agora, sua mestra logo chegará.

As meninas sorriem e seguem seu caminho, felizes por ter ajudado.

— Então era isso. Concui Lyra. — O inimigo se infiltra no Santuário. Precisamos tomar cuidado.

A amazona de Ophiucus olha para as meninas que acabaram de partir.

— Ela precisam ser protegidas. Comenta. — O que acha, Lily?

— Certamente. Concorda Lily. — Cuidarei disso e informarei ao Grande Mestre nossa descoberta.

Lyra acena com a cabeça, concordando, e parte. O treinamento segue com a vigilância da discreta da mestra daquele campo, e a percepção das amazonas negras de que haviam sido descobertas.

Mais a noite era visível o reforço na segurança do Santuário, com destacamento de soldados comandados por cavaleiros e amazonas de bronze na ronda do perímetro externo do Campo das Amazonas.

O Santuário em alerta dava as Lia e Iris a certeza de que o confronto previsto ocorreria em breve, e o tempo de sua missão precisaria ser adiantado.

No cair na noite, na arena de luta das amazonas estavam Lily e Lyra esperando Iris e Lia saírem das sombras.

— Já era hora, amazonas de Atena. Ironiza Iris que sai da sombra de um dos pilares de pedra do local. — Cadê a Lacerta? A garotinha prodígio se acovardou?

— Ela não está disponível. Afirma Lily. — E isso basta para você. Onde está sua amiga, amazona negra?

— Então creio que a substituirá em nossa luta, estou certa? Ironiza a Lagarto Negro.

Lia sai das sombras de outro pilar e acena.

— Melhor sorte para mim, Iris. Comenta a amazona. — Pois minha oponente está presente e conheço todas as suas técnicas. Pobre Lyra. Não durará muito tempo nessa batalha. Terei até tempo para te ajudar com essa aí.

— Você é muito gentil, Lia, mas deveria se focar na Ophiucus. Retruca Iris. — O cosmo que ela emana, não desistirá tão fácil assim.

Lily e Lyra se olham, sem entender o diálogo entre as duas amazonas negras.

— Desculpe interromper o bate-papo, mas o que querem no Santuário de Atena afinal? Dispara Lyra.

Iris ri.

— Ora, ora ... Destruí-lo por dentro, é claro. Responde. Nossa missão é acabar com o Campo das Amazonas. O resto já tem quem faça.

As amazonas de Atena se assustam com a possibilidade de haver mais cavaleiros e amazonas negros infiltrados como recrutas no Santuário.

— E não se deem o trabalho de tentar avisar a seus mestres, pois não conseguirão. Orienta Iris. — Uma barreira psíquica não permitirá que nada saia desse lugar.

— Acredita mesmo que pode deter três telepatas de Lemúria? Zomba Lyra.

As amazonas negras estavam confusas, quando uma terceira onda telepática, externa a abóboda de cosmo gerado por Iris, com o auxílio da tensão gerada pelas ondas de Lily e Lyra, a atravessa. A comunicação extra-sensorial por segundos é feita, e a mensagem de invasão oculta enviada a todo o Santuário, com destaque ao Grande Mestre Ozir de Gêmeos.

— Pronto. Comenta Lily. — Agora podemos continuar Iris.

A tensão gerada pela frustação das inimigas pela falha, e a iminência do combate é quebrada com a chega de Rivia, para a surpresa de todos.

— Ora se não é a filha preferida de Gales. Ironiza Lia.

— A vila parou quando, arrependidos, seus pais foram atrás da criança vendida. Desabafa Iris. — Quando desaparecemos nem mesmo nossos pais nos procuraram. Já você está aqui, são e salva, querendo ser minha oponente eu suponho.

Lily intervém, mas Rivia já havia decidido seu próprio destino.

— Que assim seja. Responde a aspirante a amazona de Aurora Boreal.

— Não permito, Rivia. Afirma firmemente Lily. — Não está preparada, e sequer tem uma armadura.

— Desculpe desobedecer, minha mestra. Retruca Rivia. — Essa luta é minha. Estou pronta há algum tempo.

Impressionada com a confiança de sua pupila, Lily recua para o lado, e com um gestual abre passagem, entregando a luta para a jovem amazona.

Lyra demonstra preocupação, pois Rivia lutaria sem armadura, mas Lily acena positivamente com a cabeça.

— A armadura virá a seu auxílio Transmite telepaticamente Lily.

Lyra desfranze o rosto, e olha Rivia face a face, demonstrando confiança. Ela segue com o foco em sua oponente.

— Vamos limpar nosso território, Rivia de Coroa Boreal. Afirma Lyra.

— Ninguém nos vencerá nas terras de Atena. Confirma a confiante Rivia.

Naquele momento tenso, apesar dos dois confrontos prestes a se iniciar, Lily se procurava com os outros guerreiros negros infiltrados. Ela usa um resquício do cosmo telepático de Teon, e sai do local.

Rivia se prepara para compensar a falta de uma armadura para defesa. Ela ascende seu cosmo e reorienta as partículas iluminadas pelo brilho da luz da lua que refletiam na armadura negra de Iris, e paralisa seus movimentos.

Por minutos a barreira de energia negra se enfraquece, e o dreno de energia, presente desde o momento do encontro das cinco amazonas, cessa.

Com o auxílio de Teon de Serpentário e Leo de Áries, o caminho é aberto para que o exército do Santuário resgate as amazonas do Campo, antes fechado pela barreira negra de Iris.

Telepaticamente, Teon avisa a Lyra e Rivia.

— Todas estão a salvo. Agora é com vocês.

Dirigindo-se a jovem aspirante a amazona, orienta Teon.

— Mantenha-se firme Rivia, pois a sagrada armadura ouvirá seu coração.

Rivia sente sua confiança aumentada pelo incentivo, e fortalece seu cosmo intensificando a barreira que continha Iris.

Lia desvia seu foco da luta contra Lyra para tentar ajudar Iris, mas é interrompida por Lyra.

— Eu sou sua oponente. Não me ignore. Esbraveja a amazona de Atena.

Lyra conduz seu cosmo na criação de uma tensão entre o chão e o céu. A abóboda de energia de Iris contém a condução elétrica, mas Lyra cria tensões menores em todo o campo de batalha, protegendo-se seu time, e aumentando a pressão sobre a barreira. O esforço gera resultado, e uma ruptura na barreira se forma. Lyra converge parte do distúrbio elétrico gerado no solo para receber uma grande descarga vinda do céu, que rompe a barreira negra definitivamente.

O impacto da queda da barreira atinge em cheio Lia que não tinha a proteção da barreira a qual Iris era prisioneira. A barreira de Rivia também se rompe, e Iris sai em busca de ajudar a colega amazona. Minutos depois Lia e Iris se reerguem, e preparam o contra-ataque.

Iris movimenta o ar gerando redemoinhos, que se unificam em direção a Rivia. A jovem amazona se coloca para bloquear tal força, mas a onda que a precede reduz suas forças. Rivia cai apoiando-se no joelho.

A onda de ar chega, e quando dissipada lá está a amazona protegida com o punho e o braço da sagrada armadura de Coroa Boreal. A armadura veste sua amazona, a constelação tem sua protegida, e o exército de Atena ganha mais um integrante forjada no calor da batalha.

Lyra sorri, pois sabia que Rivia conseguiria guiar sua armadura com seu cosmo, mas Iris não tinha a mesma opinião.

O ataque frustrado de Lia irritava Iris, que parte para a luta corpo a corpo contra Lyra, com vias a atingir seus pontos vitais. Lyra se defende, mas sente que a cada investida da adversária fica mais fraca. Ela esperava por isso, mas o dreno de energia é mais forte do que previa. A amazona de Ophiucus começa a perder a consciência.

Luge percebe a aflição de Lyra, e sente que a energia acumulada no cristal também se esvaia. Não havendo mais nada a fazer em seu estado oculto, ele surge no campo de batalha, recebe Lyra nos braços, expulsa a amazona negra do combate, e anula a técnica de íris contra Rivia.

Ele toca a face de Lyra absorvendo as energias negras infringidas a amazona por seus pontos vitais. Ele as reúne num cristal nego, e as purifica em cristal mais claro. Que se quebra em muito fragmentos numa explosão que atinge em cheio as duas amazonas negras.

Lia e Iris tem a pedra negra de sua armadura purificada, expelindo pelo nariz e junto as lágrimas inúmeras pedras claras de diversos tamanhos.

O poder de um Aurum de elite salvou a todos em fração de segundos.

Lyra começa a acordar, e antes que desperte Luge sorri com carinho para Rivia, e desaparece tão repentinamente quanto surgira. E em segundos ninguém sequer se lembraria do que houve.

A amazona de Atena nada entende, mas sente que um guardião ali esteve.

Desnorteadas estavam Lia e Iris, e como já antes ocorrido, não sabiam o que fazer. O ódio que inundava seus corações, que outrora as mantinha como adversárias ainda que na mesma equipe, desaparecera restando apenas duas filhas de Gales que se perderam sozinhas no caminho.

Ao reconhecerem Rivia, se entristecem pelo ocorrido, e querem apenas e saber mais de tudo. As filhas de Gales seriam observadas com atenção, amazonas ou ex-amazonas. Como aos outros um lugar na grande extensão do amor de Atena as esperava, se assim quisessem.

Lyra estava extasiada pela sensação familiar que sentira pouco tempo atrás. Estava decidida a descobrir sua origem. Quem seria secretamente seu guardião?. Se perguntava a amazona.

Luge estava enfim feliz, Ele tocou sua amada após anos de espera.

Sig, que acompanhava aquele time de elite, conhecia bem os sentimentos de todos. A alegria que inundava Luge ele levou tempo para experimentar. Ele toca o ombro de Luge.

— Fico feliz por você. Declara. — Essa alegria não tem preço.

Sig, sempre reservado, senta-se ao lado de Luge e conta sua história com Ozir. Sarah se aproxima e audiência aumenta. Luge se enche de esperança de poder um dia declarar a Lyra.

No Campo das Amazonas muito precisava ser feito, em especial o ajuste dos protocolos de segurança. Lyra de voltava aos inimigos do exército de Atena circulando infiltrados no interior do Santuário.


AS LUTAS DO DIA TRAZEM VISLUMBRE E PREOCUPAÇÃO. UM AURUM DE ELITE ENTRA EM AÇÃO, E O SANTUÁRIO ESTÁ CONTAMINADOS PELAS TREVAS.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Capítulo 029 - Presente inesperado


Outro grande confronto estava por começar, pois Niara de Grus, amazona há alguns anos estava prestes a confrontar sua contraparte negra.

Anryu de Cancer estava junto a amazona pois o misterioso Abdon de Cancer Negro também chegara.

Nas ruínas do templo, Carlos de Grus Negro pressionava Dione por sua derrota, com a agravante perda da armadura para Atena.

— Você falhou, Dione! Esbraveja Carlos. — É a vergonha da tropa! Perder para um tocador de harpa qualquer, com o fabuloso poder que nos foi concedido pelo Mestre Arno. É um absurdo.

Carlos olha para Abdon, sorri sarcasticamente e completa.

— Acabarei com ela agora! Declara Carlos quando Abdon o interrompe.

— Eu cuido disso. Pare!  Eu a levarei a um lugar especial e farei tudo de um jeito todo especial.

Abdon começa a concentrar seu cosmo na ponta do dedo, e após alguns segundos atira contra Dione pontos de luz negra.

Antes que cheguem a amazona são desviados para inúmeras direções. Abdon ri.

— Até que enfim apareceram cavaleiros de Atena. Comenta o Cancer Negro. — Pensei que iriam ficar o tempo todo assistindo lá de fora. Tive que fazer esse convite.

— Convite aceito! Diz Anryu caminhando em direção a amazona do exército negro.

Ele toca o peito de Dione, atingindo-a com uma grande carga de energia luminosa. Ela se assusta.

A luz se dissipa, e Dione tosse expelindo um pequena pedra azulada. O mal que habitava seu corpo e influenciava seu cosmo, fora purificado e eliminado pelo sétimo sentido de Anryu.

— Muito bem, cavaleiro de Atena. Parabeniza Abdon. — Parece que o Santuário de Atena descobriu um meio de nos atrapalhar. Que pena pra vocês que eu não faço parte desse erro.

Anryu ri.

— Isso é ótimo. Retruca. Seria menos interessante lutar contra uma marionete.

Enquanto os cavaleiros de Cancer se confrontam, Carlos de Grus observa Niara a cabeça aos pés.

A amazona com seus cabelos longos e ruivos, 1,75 cm de altura e curvas bem definidas, era alvo de admiração do cavaleiro negro, que ao mesmo tempo mantinha vigilância a ex-amazona negra de Lira. Sua condição de curada de corpo e alma por Atena não agradava os cavaleiros negros presentes.

Dione se mantinha a margem dos conflitos, aguardando tudo acabar para conseguir raciocinar sobre seu futuro.

A amazona de Grus acompanhava cada olhar silencioso de Carlos, com a atenção também a Dione, quando ela quebra o silêncio.

— O que tanto olha, cavaleiro negro? Manifesta-se Niara. — Admirando sua adversária? Nem pude mostrar quem realmente sou.

Carlos sorri.

— Admirando sua beleza. Responde. — É uma pena machucar tamanha formosura, mas não se preocupe pois eu terei cuidado.

A amazona de Atena ri.

— Não precisa se preocupar comigo. Retruca Niara. — Minhas marcas são provas de meu valor no exército de Atena, e além disso você conseguirá fazer grande mal.

— Será. Rindo, Carlos desafia a amazona.

No outro lado a tensão entre os cavaleiros de cancer era grande.

Abdon começa a distorcer o espaço, e leva Anryu para a plataforma do Yomotsu Hirasaka, lugar conhecido por ambos.

— Creio que conheça esse lugar, mas nunca esteve contra um adversário como eu.

Anryu ri.

— Isso ainda veremos. Nossa luta sequer começou.

Anryu concentra energia em seus dedos, e em forma de ondas circulares  a luz atinge Abdon. A grande luz parecia arrastar que estava a sua frente, mas tudo permanecia igual.

A luz se dissipa e Abdon continua de pé. Ele sorri.

— Boa técnica para o começo, meu caro. Congratula o cavaleiro negro. — Mas não atingiu seu objetivo. Não perdi minha essência como previa sua técnica. Minha armadura especial me previniu desse fim.

Abdon reúne as energias do ambiente, cheias da angústia de morte, e como num turbilhão lança contra Anryu.

O tornado envolve o cavaleiro de Atena, que usa seu cosmo para proteção, impedindo que o mesmo faça movimentos bruscos.

Anryu pousa no solo, extenuado pelo esforço. Suas forças estavam reduzidas, mas a luta ainda não estava terminada.

Denis sentiu o grande esforço de seu protegido e amigo, e retorna a energia acumulada, potencializado por seu próprio cosmo.

Anryu sente recuperar suas energias, concentra seus cosmo revigorado, e salta com o alvo certo: o peito de Abdon.

O cavaleiro lembra da orientação de Teon de Serpentário sobre a pedra negra que absorve a energia do adversário.

Ele se projeta e confronta Abdon com um soco, o cavaleiro negro defende.

— O que acha que está fazendo? Curioso estava Abdon. — Seu golpe não surtiu efeito, que tolo.

Anryu ri, caindo de joelhos diante Abdon, que o bloqueou.

— Tolo é você.

O guerreiro de Atena explode seu outro punho no peito do cavaleiro negro, pulverizando a pedra de seu peito juntamente com parte de sua armadura.

Com o feito ele recupera forças e salta para trás. Diante de Abdon  abalado, ainda agachado ele apoia sua mão direita no chão, e projeta sua perna esquerda contra o estômago de Abdon, que é arremessado longe.

O cavaleiro negro levanta e começa a rir. Ele queima seu cosmo negro, e faz rachar o chão numa intensidade não antes vista.

Ele enche o ar com uma forte vibração que ecoa como ondas de som. A melodia extrai das almas que caminha para o alto da colina dos mortos sua energia motriz.

A vibração torna-se uma forte melodia com o lamento de todas as almas que ali estavam.

O som angustiante das almas entorpece o cérebro de Anryu.

— Não adianta tampar os ouvidos, cavaleiro. Zomba Abdon. — O som da almas chega até seu cérebro. É semelhante a melodia da flauta de certo general marina de Poseidon.

No templo de Erecton, Niara e Carlos acompanham a troca de energias de seus colegas cavaleiros, enquanto estudavam uma ao outro, e vigiavam os movimentos de Dione.

Sentindo aquela energia mórbida em forma de canção, Dione começa a entoar um cantigo. O som acalma a tensão criada entre o cavaleiro e amazona de Grus, adentra o caminho do Seikishiki, e enche os ouvidos de Anryu, libertando-o da canção negra orquestrada por Abdon.

As almas do Yomotsu recuperam seu vigor final a caminho do submundo, e o cristal do guardião de Grus brilha na caixa de guardiões ainda não recrutados.

Teon, Atena, Sig, Sarah e Luge sentiram sua energia emanada, e os cristais dos três guardiões ressoam com o cristal de Grus.

Niara sentia-se muito bem, e Carlos sentiu sua energia negra, de qual se orgulhava, reduzir.

O cristal negro do peitoral da armadura negra de Grus começa a mudar  para a cor azulada.

O cavaleiro negro sente algo se aquecer dentro de si, e tosse expelindo uma pequena pedra azulada. A pedra em seu peito estava da mesma cor.

Carlos, o cavaleiro negro de Grus, agora estava muito confuso.

Niara via e sentia, mas nada entendia. Teon e Sig sabiam muito bem, e tinham planos para Dione.

No Yomotsu Anryu se recupera e Abdon perde o controle de sua técnica que é dissipada.

Anryu concentra seu cosmo, e com os braços abertos começa a produzir esferas de luz azul.

— Você não é o único que sabe usar os recursos desse lugar. Confiante afirma Anryu.

As esferas queimavam o que tocavam, e se aproximam perigosamente de Abdon.

— Essas são as chamas do inferno. Informa Anryu. — O calor que desmobiliza os atomos, e incinera a essência da existência. Desse calor até mesmo sua armadura negra sucumbirá.

O cavaleiro de Atena intensifica seu cosmo formando um grande número de esferas azuis, e as direciona para Abdon.

Abdon fica preocupado, mas intensifica seu cosmo para provar que seu oponente estava errado.

As esferas azuis começam a consumir a armadura negra de Abdon. O cavaleiro negro começa a entrar em pânico, mas acende seu cosmo ao máximo.

Abdon emana uma luz intensa diferente de seu cosmo negro apresentado até então. As partes da armadura negra que o cobria o abandona, e sua aura negra se transforma.

Anryu percebe a mudança de energia, e contém a ação final de seu ataque.

Abdon estava sem armadura, confuso, e com uma grande pedra ônix azulada nas mãos.

O cosmo de Abdon se purificara no último instante, neutralizando a ação da ônix negra que o conduzira ao caminho das trevas.

De algum lugar do submundo, alguém sabia que mais uma de suas jóias de ébano perdera seu brilho.

Anryu transporta a todos de volta a templo onde tudo começara, e não mais havia vestígio de energia negra.

Reunidos Anryu, Niara, Dione, Carlos e Abdon surge Teon e Sig, que convidam os antigos portadores de armaduras negras a recomeçar no Santuário de Atena.

Abdon declina da oferta, mas Dione e o ainda confuso Carlos aceitam. A amazona se lembra dos dias em que estivera nesse lugar mas fora rejeitada por Donni de Sagitário.

— Venha comigo Dione. Convida Teon. — Suas habilidades são um presente para o exército de Atena. Seu dom esteve oculto pelos sentimentos de vingança que sombreavam seu coração.

Dione respira fundo ao lembrar de seu passado.

— Venha recomeçar no exército de Atena. Continua Teon. — Há um lugar especial para você. Donni não a rejeitou, ele te deu a chance de escolher o lado certo, mas sua condição não permitia.

Dione estava confusa, mas a opção dada por Teon parecia boa como um recomeço.

Abdon acena a todos e parte. Anryu tenta convencê-lo a ficar, mas é contido por Sig que toca seu ombro.

— Deixe a escolha dele. Orienta. — Só ele pode decidir.

Todos seguem ao Santuário. Carlos segue com Niara ao campo de treinamento dos cavaleiros, e Dione segue Teon.

— A verei novamente, amazona de Grus? Indaga Carlos.

— Talvez. Responde Niara. — Tenho uma missão a cumprir agora. Na volta podemos retomar essa conversa.

— Aguardarei. Finaliza Carlos com um sorriso esperançoso.

Enquanto isso, um pouco longe do Santuário, Abdon caminhava muito confuso. Ele sabia do poder da ônix negra, mas não imaginava que sua essência mudaria com a purificação da pedra por Atena.

O ex-cavaleiro negro estava errante, mas seria por pouco tempo.


OS CONFRONTOS ENTRE OS CAVALEIROS, COM IMPORTANTE VITÓRIA PARA ATENA, DÁ A DEUSA UM PRESENTE INESPERADA ANTES OCULTADO PELO DESTINO.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Capítulo 028 - O segredo da Onix Negra


No salão do Grande Mestre, estavam Celes de Virgem, Karl de Lyra,  Tobias de Unicórnio e Cindy de Raposa  e o jovem Marcus.

Junto a eles havia a urna da armadura negra de Lyra, envolta por uma barreira de cosmo produzida por Celes. Dione, a amazona que a trajava, estava na prisão após cuidados de saúde.

Todos aguardavam a chegada de mais uma pessoa, um mestre no assunto: o Mestre Alquimista Teon de Serpentário.

Anunciado, Teon adentra o salão e logo percebe a razão de seu chamado, a sombria caixa ao centro do local.

Ele saúda o Grande Mestre e aos cavaleiros e amazonas presentes.

— Creio já ter percebido o motivo de tua convocação, Teon. Começa Ozir.

— Sim. Responde Teon.  —  Mais uma obra do Alquimistas Negros.

— O que sabe sobre isso, Teon? Indaga Ozir.

— Os dois Mestres Alquimistas que há tempos abandonaram Lemúria devem estar por trás desses trajes, e do exército de cavaleiros e amazonas negros.  Analisa Teon

O Grande Mestre sinaliza positivamente, concordando com o cavaleiro alquimista.

— Fui informado da busca de Lemúria por esses Mestres Alquimistas. Informa Ozir. — Nossas buscas não surtiram efeito. Eis que se revelam nossos procurados. Precisamos informar o Gran-Mestre de Lemúria.

— Já o fiz. Comenta Teon. — Desculpe a ousadia, mas essa informação é prioridade máxima a segurança de Lemúria.

— Fizeste bem. Aprova Ozir. — Esse novo inimigo tem sido difícil de confrontar. A habilidade de absorver cosmoenergia nos deixa vulneráveis. Se não fossem as medidas de ondem de Atena já teríamos baixas em massa.

O Grande Mestre olha para Marcus, relembrando-o da manifestação do cosmo negro durante a prova pela armadura de Órion.

Triste e resignado por seus atos, que lhe custaram a entrada para o exército de Atena, Marcus abaixa a cabeça, quando Teon o anima batendo em seu ombro.

— Não abaixe a cabeça, rapaz. Se teu coração deseja servir Atena sempre haverá espaço para você entre nós.

Teon mostra os cinco guerreiros a serviço de Atena ali presentes.

— Treine, e deixe que o amor de Atena te alcance e conduza. Encoraja Teon a Marcus — Tua dedicação será recompensada a altura de seu esforço. Todos deram o melhor de si para estarem aqui, e o fazem todos os dias para assim continuarem.

 Ozir olha dentro dos olhos de Marcus, e sinaliza positivamente em sinal de acolhida.

Karl, apesar de reservado, Tobias, Cindy e Celes sorriem para o aspirante a cavaleiro, mostrando a unidade dos soldados de Atena, acolhendo-o.

Celes sai de seu lugar e conduz Marcus até a saída, quando é interrompido pelas palavras de Ozir.

— Dedique-se rapaz. Sua recompensa não tardará, e será proporcional ao seu cosmo. Lembre-se que ainda há muitas armaduras sem guerreiro.

Marcus sorri, sentindo a vibração do cosmo de todos, apesar de sentir também o cosmo negro da urna ao centro da sala. Celes percebe essa dupla afinidade, mas guarda para si a sensação. Marcus sai com a determinação de se dedicar aos treinos, apesar do efeito sedutor da energia negra.

O Grande Mestre pede a Celes, que retornava, para abrir a urna. Aberto artefato negro libera uma grande rajada de cosmo negro que se espalha pelo local.  As paredes do salão contém a energia, que é reunida e contida por Teon. Os cavaleiros e amazonas de prata e bronze haviam sido protegidos por Ozir e Celes.

Apesar da proteção, a onda negra afetara Karl que cai de joelhos. Ele estava debilitado pela recente árdua batalha contra a Lyra Negra.

O Grande Mestre caminha até Karl, o ajuda a levantar.

— Vão descansar Karl, Tobias e Cindy. Orienta Ozir. — Amanhã pela manhã levem suas armaduras para Leo de Áries, e procurem por Lyra de Ophiucus para um tratamento especial. Precisamos de sua recuperação total para a partida que estava programada. O trabalho de equipe e determinação apresentados hoje serão essenciais contra o exército negro. Agora vão.

Todos sinalizam positivamente ao Grande Mestre, o saúdam e saem. Com as portas fechadas Ozir se volta para Teon e sua análise do objeto negro.

Teon que contivera a energia negra da armadura já encontrara a essência do mal que absorvia os cosmos dos oponentes do traje negro.

O Mestre Alquimista retira do peitoral da armadura negra um pequeno cristal negro, e o envolve com uma esfera de cosmo.  A armadura deixa de emanar energia negra, perdendo seu brilho.

Atentos a tudo que Teon fazia, Ozir e Celes se surpreendem por não terem detectado a pedra, ainda que minúscula.

— Õnix. Revela Celes. — A pedra consagrada a Persefone.

— Sim. Confirma Teon. — A ônix negra. A pedra tem o poder de absorver energia positiva, e potencializar energias negativas. Esse presente de Hades deve estar sendo manipulado pelos lemurianos desertores há algum tempo.

O Grande Mestre fica por instantes pensativo.

— Como podemos destruir tal artefato? Indaga.

Teon retira do peitoral o cristal branco a ele confiado, e os aproxima. A pedra negra vai sendo purificada, transmutando-se a uma pedra azulada.

— O cristal branco é pedra prefeita, atingida pela união dos cristais azul e amarelo. Explica Teon. — Assim como o sétimo sentido sua essência é atingida mais nunca permanece. Caberá aos guardiões atingir essa essência para auxiliar seu protegido na purificação do mal. Mas não será fácil para a maioria deles. Apena os que atingirem o mais alto nível.

— Como Sig, meu Aurum. Comenta Ozir.

— Exatamente. Responde Teon.

O Mestre Alquimista para por um instante e reflete.

— Mas não é só isso. Recomeça Teon. — Ainda há outra ônix. Junto da Amazona de Lyra, ou dentro dela.

Ozir se assusta com a afirmação.

— Na amazona? Então Marcus também possui?

— Ainda não. Responde Teon. — Ele ainda não se entregou ao poder do mal. A pedra é transmutada pelos sentimentos negativos das pessoas. Marcus tem o brilho de uma constelação a lhe proteger, por isso ainda não desenvolveu esse mal, mas ele sente atração pela ônix negra. Senti seu olhar de cobiça antes de sua saída do salão. Recomendo que ele seja monitorado para que não o percamos para o inimigo. Ele é escolhido do exército de Atena, mas ainda não desenvolveu seu cosmo ao nível necessário para se identificar.

— Ele conseguirá! Afirma Celes. — Garantirei seu despertar.

— Certo Celes! Aprova o Grande Mestre.  — Peço que suavize a influência do cosmo negro, e o monitore. Designarei Joei de Escorpião para seu treinamento. Preciso de sua harmonia para os assuntos da ônix negra.

Ozir olha para a armadura opaca, e para a ônix azul nas mãos de Teon.

— Creio que haja outra forma de purificar a pedra negra, estou certo Teon?

— Certamente, Senhor Ozir. Responde. — O sétimo sentido pode equivaler a transmutação com o cristal branco. Mas precisa ser direcionado ao centro do cristal, como um tiro. Se errado a liberação de energia negra pode ser desastrosa.

— Precisamos purificar o coração da amazona negra de Lyra. Encaminha Ozir. — Ela se encontra na prisão rochosa.

Teon sinaliza negativamente.

— Ela não se encontra lá. Afirma. — Conseguiu fugir após forte interferência externa. Há soldados feridos. Irei atrás da amazona.

Teon saúda o Grande Mestre, e despede-se de Celes dirigindo-se a saída, quando chega uma soldada ferida. O brilho da armadura de Teon recupera as energias da jovem que sorri, e saúda o cavaleiro dourado. Teon sorri.

— Ela fugiu, Senhor. Inicia a soldada. — A amazona negra. Alguém surgiu e tudo em volta destruiu. Vestia uma armadura parecida com a Senhora Niara de Grus.

O Grande Mestre, atencioso a mensageira assustada, levanta-se de sua cadeira e toca seu ombro, reencaixando-o no lugar. Não houve dor, pois Teon lhe restaurara o vigor físico e cosmoenergia na passagem pela porta.

— Obrigado! Agora vá e procure cuidar de sua saúde. Tomaremos as providências necessárias.

A soldada sai feliz por ter cumprido sua missão.

ARREDORES DA PRISÃO ROCHOSA

Elisa de Lacerta e sua equipe acompanhava ação de resgate de Dione de Lyra, e de longe seguia o grupo desde a prisão rochosa.

O grupo de resgate para nas ruinas de Erecton, o antigo templo dos deuses do campo. Com essa parada estratégica dos inimigos, Elisa envia Nicole de Bússola com o aviso ao Grande Mestre.
Passados dez minutos na entrada dos doze templos do Santuário estava Teon de Serpentário, a que, Nicole reporta a mensagem.

— Senhor Teon, eles estão nas ruinas de Erecton, o antigo templo dos deuses do campo. Informa a exauta Nicole.

A amazona sente suas energias retornarem subitamente, seguida de um cálido sorriso de Teon.

— Obrigado, Nicole de Bússola. Acolhe Teon. — Descanse. Todos deverão retornar, pois a força de elite está a caminho. Seu grupo tem uma missão externa se não me engano.

— Sim. Mas vimos a ação do inimigo, e como já havia sido feito a Senhora Elisa decidiu apenas acompanhar.

— Fizeram bem. Responde Teon. — Trarei seus companheiros de volta.

Utilizando sua capacidade extrassensorial ele comunica o fato ao Grande Mestre.

— Senhor Ozir. Os inimigos estão nas ruínas de Erecton. Recolherei a equipe da amazona de Lacerta e enviarei Niara de Grus para equilibrar o confronto. Irei orientá-la.

Ozir, que aprendera de seu pai a mesma técnica inata dos lemurianos retorna a Teon.

— Prossiga Teon! Assuma.

—  Certamente. Responde.

Teon se teletransporta a entrada do campo de treinamento das amazonas e convoca Niara de Grus para a missão.

Poucos minutos depois se apresenta a amazona trajando sua sagrada armadura.

— Obrigado pela agilidade. Saúda Teon. — O cavaleiro negro de Grus surgiu e resgatou a amazona negra de Lyra da prisão rochosa. Para o equilíbrio do confronto você foi designada para a luta.

— Sim. Responde a amazona atenta. — Estava atenta a situação aguardando convocação.

— Ouça. Teon chama a atenção da amazona. — Precisará atingir o sétimo sentido para não sofrer com a técnica de absorção de energia. Se alcançar esse nível vencerá seu adversário neutralizando o mal que ele traz consigo. Há uma pedra negra em sua armadura, e precisará neutraliza-la com golpe único ao nível do sétimo sentido.

Teon teletransporta Niara para o escoderijo de Elisa e Lacerta e Leonel de Tucana.

PROXIMIDADES DO TEMPLO DE ERECTON

A chegada de um grande cosmo é sentida por Elisa e Leonel, com a sensação de terem sido descobertos.

Teon se apresenta com Niara de Grus, e o brilho da armaduras de Atena tranquiliza a todos.

— Assumimos daqui, Elisa de Lacerta.  Afirma Teon.

O dourado cobre a todos com seu cosmo, e teletransporta Elisa e Leonel ao mesmo local onde se encontrava a ansiosa Nicole.  Ao mesmo tempo Teon contata Anryu de Cancer,  contraparte do novo adversário negro que se faz presente no templo de Erecton.

Com a chegada de Anryu, Teon se retira, deixando dois guerreiros de elite para um confronto importante para a guerra em curso.


O SEGREDO DO EXÉRCITO DOS CAVALEIROS E AMAZONAS NEGROS É REVELADO. SERÁ ESSA INFORMAÇÃO O SUFICIENTE PARA A VITÓRIA DE ATENA.

sábado, 16 de novembro de 2019

Capítulo 027 - O som e o silêncio


O campo de treinamento das amazonas começava a ser construído sob o comando de Lily de Aquila.

Max de Órion, recém-consagrado cavaleiro de prata, começava a desempenhar funções no exército de Atena, junto aos colegas de bronze.

Rívia após a ressonância com a armadura de Áries enfim despertou sua constelação protetora, Corona Borealis, bem como a sua irmã Maria, protegida pelas estrelas de Corona Australis.

Os dias se passam e as novidades nos treinamentos dos cavaleiros, amazonas, aurums e auras não cessavam, para a alegria de Atena.

Os cavaleiros negros continuavam a sua movimentação pelo mundo, e preocupado com essas ações o Grande Mestre Ozir decide enviar cavaleiros e amazonas para esses locais a fim de proteger as pessoas.

De forma semelhante ao feito há meses atrás durante a fase de reconhecimento, grupos de guerreiros liderados pela patente de prata seguiam as partes da terra onde haviam se registrado ataque recentes dos cavaleiros negros. Esses novos grupos eram liderados por cavaleiros e amazonas mais experientes, com supervisão de cavaleiros e amazonas de ouro.

Observando o céu, e as relações entre guerreiros já estabelecidas, Ozir de Gêmeos associa cavaleiros e amazonas das patentes de prata e bronze aos doze cavaleiros de ouro na proporção de dois guerreiros de prata e quatro guerreiros de bronze a cada cavaleiro dourado.

A relação gerada por Ozir contemplava todas as oitenta e oito constelações, apesar de haver apenas quarenta e seis cavaleiros em atividade ou na iminência de estarem.

Segundo organizado por Ozir, dentre os cavaleiros e amazonas em atividade estavam Corona Borealis, Corona Australis e Pegasus junto a Leo de Aries; Hércules e Cerberus com Teneo de Touro; Lince, Lacerta e Cefeu com ele próprio; Grus e Crux com Aryu de Cancer; Camaleão e Orion com Aaron de Leão; Triangulo e Lyra com Celes de Virgem; Bússola, Monocerus e Altar com Ian de Libra; Escultor com Joei de Escorpião; Sextante, Serpens e Tucana com Donni de Sagitário; Lebre e Raposa com Sallas de Capricórnio; Cisne, Hidrus, Pavão e Sagitta com Ariadne de Aquário; Pisces Austrinus e Volans com Régia de Peixes.

Algumas constelações, pela relação direta de seus guerreiros com Atena atuavam de forma independente, apesar de figurarem na organização de Ozir associados a constelações da elíptica solar. Eram elas Dragão,  Aquila, Ophyucus, Pavão e Phoenix.

Dentre os lideres das tropas haviam prodígios como Elisa de Lacerta, Max de Órion e Adonis de Altar, recém-consagrados, mas com nível de habilidades equivalentes a Lubian de Pavão, Maia de Cepheu e Silas de Hércules. Outros cavaleiros de bronze de altíssimo nível também lideravam tropas como Ankaa de Phoenix, Talia de Dragão. Completando a lista de lideres de tropas havia Tuk de Cerberus, Adam de Sagitta, Sobis de Triângulo e Karl de Lyra.

As tropas partiam uma após a outra para destinos diversos, mas apesar da medida o Grande Mestre Ozir estava preocupado. O exército inimigo se fortalecia, e desta vez um soldado de alto nível possivelmente estava entre eles, Marcus.

O cosmo negro despertado durante a luta pela armadura de Órion, contra Max não fora coincidência, nem passou despercebido por Ozir e Aaron. Eles sabiam que a justiça da armadura de Órion prevaleceria.

Ozir sabia que alguém estava fazendo algo para reverter o caminho previsto para Marcus, e contava com isso.

VILA DO SANTUÁRIO

Dias depois da perda da armadura de Órion, Marcus ainda estava no Santuário. Apesar da abordagem dos cosmos negros, Marcus ainda não se decidira.

Ele caminhava pela vila do Santuário, bem mais calmo. As pessoas lembravam dele e do incidente estranho que o envolveu. Ele pensara em visitar a casa de Rívia e suas irmãs, mas ela estava visivelmente vazia com a porta entreaberta. Ainda que vazia algo na casa o atraia: Uma melodia triste que ecoava em sua mente.

Marcus entra e no centro do lugar estava uma mulher de longos cabelos tão negros quanto sua armadura. Ela estava de costas, e na medida que ela virava para Marcus podia-se ver sua lira, que tocava magistralmente. Sua pele alva contrastava com os tons negros de sua armadura, e com as notas obscuras tocadas pelo passar dos longos dedos da amazona negra na lira. Sua canção triste agora passava a ser agradável aos ouvidos de Marcus.

As notas da lira inundavam a percepção e a razão de Marcus, trazendo a tona as ações agressivas e possessivas tomadas outrora pelo jovem. As sensações que antes lhe davam prazer agora lhe causavam dor, fazendo Marcus gritar. A amazona negra sorri.

Marcus estava inebriado e começava a gostar da dor, quando outra canção interfere, e suaviza o som ambiente.

O jovem cujo coração estava em disputa volta a sentir dor no sentido real, e acaba desolado como se tivesse sido esvaziado.

A nova melodia adentra a casa, e se via Karl de Lyra que chegava para contrapor a desconhecida amazona negra de Lyra.

O grupo de Karl partiria minutos atrás em barco para as mesmas terras onde Sallas de Capricórnio enfrentara o Touro Negro, mas ao perceber o cosmo hostil e a melodia da lira negra teve sua partida adiada. Sula de Camaleão retira Marcus do local, e deixa o experiente cavaleiro de Atena no combate.

A presença de cavaleiros e amazonas nas proximidades da mesma casa onde ocorrera um princípio de confronto dias atrás, deixava a todos preocupados coma segurança da vila.

Tobias de Unicórnio tranquiliza a todos em volta, enquanto Cindy de Raposa corria o perímetro local para identificação de possíveis novos inimigos, bem como garantir a segurança do local.

No campo de treinamento dos guardiões, Nabili sentiu seu cristal brilhar, mas a aura em treinamento não havia brilhado seu cosmo.

Ela sentia que seu protegido em breve dedicaria sua vida em prol da Terra, e sentia-se impotente. Lyra toca seu ombro, e com um olhar pede que se acalme. A aura fecha os olhos e concentra-se em Karl.

Na casa da vila, local do confronto entre as liras, Karl sente que algo o olhava e estranhamente isso o deixava confortável. Ele sabia que isso poderia ser o diferencial no resultado da luta.

A amazona negra se incomoda e inicia sua canção buscando a fonte daquela energia externa, tão forte para tirar sua concentração e deixar Karl mais confiante.

Karl novamente se contrapõe a Lyra negra, e a melodia que tentava entrar no campo dos guardiões cessa.

Com vigor o cavaleiro de Atena tira de sua lira canções de notas baixas, mas com grande poder ofensivo. As notas visavam neutralizar as notas altas geradas pela lira negra.

— Notas baixas não podem contrapor o poderio de minha lira negra, cavaleiro de Atena. Afirma a amazona de Lyra Negra. — Eu, Dione de Lyra, irei te mostrar o verdadeiro poder da lira mitológica.

Dione intensifica as notas altas de sua lira, e uma onda negra varre todo o local, interferindo na mente de todos num raio de cinco quilômetros.

Tobias, Sula e Cindy sentem a força da melodia negras sugando suas energias, enquanto as pessoas curiosas que insistiam em ali próximo permanecerem caem imediatamente.

Karl sofre mas avança no toque de sua lira prateada. A armadura de Lyra começa a perder seu brilho, e as cordas do instrumento do cavaleiro começa a perder elasticidade.

NO CAMPO DOS GUARDIÕES

Nabili sente que seu protegido começa a perder cosmoenergia e se desconcentra. Ao abrir os olhos ela vê Lyra diante si com um firme olhar de confiança.

Em seu reduto oculto, Sarah pressentindo o pior pensa em se teleportar ao local, mas é contida por Luge que surge no momento exato.

— Aguarde Sarah! Diz Luge. — Muitas revelações estão por vir.

Sarah aguarda a reação de Sig, mas não recebe resposta. Ele decide confiar no instinto de Luge, e agir apenas no último segundo necessário.

No campo de treinamento Lyra segura as mão de Nabili com força.

— Você precisa se concentrar. Orienta Lyra. — Queime seu cosmo. Você consegue. Karl resistirá e você o ajudará. Tenho certeza disso.  Confio em você. Devolva o cosmo do cristal para o cavaleiro de Lyra.

Nabili sorri como que agradecendo pela confiança. Ela fecha os olhos e seu corpo começa a esquentar. Uma luz começa a emanar de seu corpo, e com seu cosmo em franco-expansão ela começa a cantarolar notas baixas.

NA VILA DO SANTUÁRIO

Na casa da vila do Santuário Karl vê sua lira perder todas as suas cordas, que opacas se rompem uma a uma. Sua armadura fica pesada, e com o forte dreno de energia vital pela lira negra, ele não resiste e cai de joelhos. Na parte externa da casa Tobias de Unicórnio e Sula de Camaleão já havia caído.

Dione de Lyra Negra tinha como certa sua vitória, quando uma cantiga singela de tons baixos chega, enche o local e se contrapõem a som de sua lira.

A amazona negra vê a energia vital de Karl retornar, e sua armadura opaca recuperar seu brilho prateado. A lira prateada continuava com suas cordas rompidas, mas a energia que conectava aquela cantiga, o cavaleiro de Atena e sua armadura era impressionante.

Karl se levanta, olha para sua lira e a não a empunha. Ele abre os braços e fecha os olhos. Todo o som do ambiente é recolhido, como se ambos os oponentes fossem isolados do resto do mundo.

O silêncio era inconveniente, e nem mesmo a própria voz Dione ouvia.

Karl recolhe seus braços, posiciona sua mão direita em forma de cuia diante sua boca e sopra, abrindo seus olhos.

A mente de Dione vem uma frase num tom ainda mais baixo do que até então foi insistentemente emitido por Karl: “Som da Natureza”.

A frase inicia um turbilhão de sons todos os timbres misturados como um som branco.

O complexo som varre a mente de Dione como se ensurdecesse seus pensamentos.

Dione fica surda, e seus ouvidos sangravam. Sua mente vazia trazia a tona sua real aparência: uma carcaça de pessoa que sem equilíbrio cai.

Todos no lado de fora da casa já estavam conscientes, pois uma cantiga doce e suave trouxe a todos de volta do abismo para onde pareciam ter sido jogadas suas memórias.

Diferente dos moradores da vila, que pareciam retornar de um pesadelo, Tobias, Sula e Cindy sabiam se tratar de algum feito de Atena, ou de algum de seus colegas cavaleiros ou amazonas. Karl já havia percebido essa presença desde o inicio de sua luta.

Em uma fração de segundos uma voz ecoa a mente de Karl, Tobias, Sula e Cindy.

— “Barreira Sagrada”

A voz suave retira da memória dos quatro guerreiros de Atena a sensação da cosmoenergia revigorante que os alcançou.

NO CAMPO DOS GUARDIÕES

Nabili já estava de volta de seu momento. Ela salvara a todos os guerreiros e pessoas utilizando o limite de proteção de um guardião a seu cavaleiro ou amazona.

O potencial de Nabili toca a percepção de Sig, Teon e Atena, em especial pelo antigo plano de Teon de formar um time de guardiões de elite, aptos a proteger guerreiros além de seu protegido, como podia fazer Sig e Lyra.

Os guardiões de elite já existiam, e Teon já tinha sentido suas presenças, sendo uma dela em especial. A manutenção desse segredo era feito em respeito a Lyra, pois temia-se que sua reação pudesse ser prejudicial a seu equilíbrio emocional como pessoa.

Nabili estava empolgada, e seu desempenho incentivara a todos. Annie, Zaque e Lúcio eram os mais animados.

A Ordem de Serpentário seguia sua rotina de grandes saltos de qualidade.

NA VILA DO SANTUÁRIO

Karl sai da casa com Dione nos braços, e é recebido com alegria por Tobias, Sula e Cindy. Reservado ele retorna a saudação com a cabeça.

Todos estavam bem, incluindo Marcus, que já não sabia o que pensar. Os moradores saem aos poucos e ficam apenas os cavaleiros e amazonas de Atena, Marcus e Dione. Karl na verdade estava preocupado com o objeto negro deixado na casa.

— Tobias, entre e pegue a caixa de Pandora. Ordena Karl. — Precisamos levar essa urna ao Grande Mestre.

Tobias segue a sua tarefa, e Karl direciona seu olhar a Marcus.

— Você não foi o oponente de Max? Indaga o prateado.

— Sim. Responde Marcus. — As coisas deram errado para mim. Tenho feito muitas coisas erradas desde que cheguei aqui. Estou profundamente arrependido e confuso.

— Então venha conosco. Convida Karl. — O Grande Mestre é um homem sábio. Saberá ouvir e te aconselhar bem. Venha!

Tobias sai da casa puxando a caixa preta com dificuldade, e em seguida cai, apoiando um joelho no chão.

— A caixa ... Balbucia o cavaleiro. — Ela drena as forças.

O silêncio paira no ar, mas dura apenas poucos segundos.

— Deixe a urna. Ordena Celes de Virgem, que surge. — Descansem e levem a amazona e Marcus ao Grande Mestre.

Cindy apoia Tobias e Karl prossegue com Dione, acompanhados de Marcus e Sula que leva a lira com suas cordas soltas.

Tudo enfim voltara ao normal, mas aquela casa nunca mais seria vista da mesma maneira.

Celes leva a armadura negra, desaparecendo da mesma forma que apareceu.

Horas depois são anunciados ao Grande Mestre Ozir, Karl, Tobias, Sula, Cindy e Marcus. Essa audiência traria muitas novas informações sobre a batalha em curso.


UMA BATALHA, UM PODEROSO DESPERTAR, E O COMEÇO DO CAMINHO PARA A REDENÇÃO. UM DIA PROVEITOSO PARA OS PLANOS DE DEFESA DO EXÉRCITO DE ATENA.